‒ Animula vagula blandula.
Desta vez o latim do imperador sai mais rouco, sem perder contudo a doçura dos ll, a música a que os aa abertos, no fim, e o som escuro e anterior dos uu dão não sei que tonalidade contrastada, quase misteriosa. Porque se trata dum mistério: a perturbação que estas palavras me provocam desde que as li a primeira vez e a frequência inesperada com que as lembro ou digo involuntariamente, sobretudo naqueles instantes em que me visita, o quê?, como hei-de eu chamar a este desespero manso, sentimento de pequenez e desamparo, ternura insidiosa pelas coisas, que é talvez a máscara da autopiedade, o gato escondido com o rabo de fora?
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