Meu avião em chamas meu castelo inundado de vinho do Reno
meu ghetto de íris negros minha orelha de cristal
meu rochedo descendo a falésia para esmagar o guarda da floresta
meu caracol de opala meu mosquito de ar
meu edredon de ave do paraíso minha cabeleira de escuma negra
meu túmulo estalado minha chuva de gafanhotos vermelhos
minha ilha volante minha uva turquesa
minha colisão de loucos e prudentes automóveis minha platibanda
selvagem
meu pistilo de alface projectado nos meus olhos
meu bolbo de tulipa no cérebro
minha gazela perdida num cinema de «boulevard»
minha caixinha de sol meu fruto de vulcão
meu riso de lago escondido onde vão afogar-se profetas
distraídos
minha inundação de acácias minha borboleta de cogumelo
minha cascata azul como uma espada desembainhando a primavera
meu revólver de coral apontado para mim como o olho de um
poço cintilante
frio como o espelho onde contemplas a fuga dos
pássaros-mosca do teu olhar
perdido numa exposição de branco enquadrada por múmias
amo-te
Benjamin Péret, trad. Mário Henrique Leiria
14/05/09
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