Casinha com 7 janelas, porta dupla e vários buraquinhos
‒ Está à procura de alguma coisa? ‒ perguntei eu.
‒ Caixas de cartão.
‒ De que tamanho?
‒ De qualquer tamanho, de todos os tamanhos ‒ respondeu ele.
‒ Vai fazer móveis com elas?
Ele abanou a cabeça a sorrir pela primeira vez.
‒ Queimá-las?
‒ Eu sou um contador de histórias ‒ disse ele.
‒ Vou ver o que temos aqui ‒ disse eu.
Voltei com uma caixa muito grande e uma boa quantidade de outras mais pequenas lá dentro.
‒ Agradeço-lhe.
‒ O que vai fazer com elas agora?
‒ Primeiro faço buracos em cada uma para entrar o ar e depois ponho uma história lá dentro. Deve saber que as histórias deixadas ao ar livre se desvanecem; as histórias precisam de viver em segredo, mas também não podem viver sem ar…
‒ Caixas de cartão.
‒ De que tamanho?
‒ De qualquer tamanho, de todos os tamanhos ‒ respondeu ele.
‒ Vai fazer móveis com elas?
Ele abanou a cabeça a sorrir pela primeira vez.
‒ Queimá-las?
‒ Eu sou um contador de histórias ‒ disse ele.
‒ Vou ver o que temos aqui ‒ disse eu.
Voltei com uma caixa muito grande e uma boa quantidade de outras mais pequenas lá dentro.
‒ Agradeço-lhe.
‒ O que vai fazer com elas agora?
‒ Primeiro faço buracos em cada uma para entrar o ar e depois ponho uma história lá dentro. Deve saber que as histórias deixadas ao ar livre se desvanecem; as histórias precisam de viver em segredo, mas também não podem viver sem ar…
John Berger, De A para X - Cartas de Amor (Trad. Isabel Baptista), Civilização Editora.
*H., quais são as coisas, quais são elas que (tal como as histórias) precisam de viver em segredo, mas também não podem viver sem ar?
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