31/08/08

kibbutz... ki-bbu-tz

Estava menos frio junto ao Sena do que nas ruas. Oliveira subiu a gola da canadiana e foi contemplar o rio. Como não era dos que se atiram, procurou uma ponte para se abrigar debaixo dela e pensar no kibbutz por um bocado. Já há algum tempo que a ideia do kibbutz o assaltava, um kibbutz do desejo. “É engraçado como uma frase aparece assim de repente e não tem qualquer sentido, um kibbutz do desejo. Porém, depois da terceira vez que se repete começa a clarificar-se lentamente, e de um momento para o outro sente-se que não se trata de uma frase absurda […] é um resumo até bastante hermético de andar às voltas por aí, de deambulação em deambulação. […]”

Julio Cortázar, O Jogo do Mundo (Rayuela), trad. Alberto Simões, cavalo de ferro

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