07/11/09

What's in a name?

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‒ Chamo-me Alice, mas…
‒ É um nome bastante estúpido! ‒ interrompeu Humpty Dumpty, olhando-a pela primeira vez. ‒ Mas o que é que significa?
‒ Um nome tem de significar alguma coisa? ‒ perguntou Alice, incrédula.
‒ É claro que tem ‒ disse Humpty Dumpty com uma curta risada. ‒ O meu nome significa a forma que eu tenho… e é muito elegante, diga-se de passagem. Com um nome como o teu, quase que podias ter qualquer forma. […]

‒ Quando eu emprego uma palavra, ela quer dizer exactamente o que me apetecer… nem mais nem menos – retorquiu Humpty Dumpty, num tom sobranceiro.
‒ A questão é se você pode fazer com que as palavras queiram dizer tantas coisas diferentes.
‒ A questão é quem é que tem o poder … é tudo.
Lewis Carroll, Alice Do Outro Lado Do Espelho, (Trad. Margarida Vale de Gato), Biblioteca Editores Independentes

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Há pessoas que acreditam que o nome é o destino. Eu não acredito que isso seja verdade. Mas se fosse, ao escolher aquele nome, de alguma maneira Kelly tinha dado o primeiro passo para entrar na invisibilidade, para entrar no pesadelo. Você acredita que o nome é o destino? Não, disse Sérgio, e é melhor que eu não acredite nisso. Porquê?, suspirou, sem curiosidade a deputada. Tenho um nome vulgar, disse Sérgio, olhando para os óculos escuros da sua anfitriã. […] Quer que lhe diga uma coisa? Todos os nomes são vulgares, são banais. Chamar-se Kelly ou chamar-se Luz María no fundo é a mesma coisa. Todos os nomes se desvanecem. Deviam ensinar isso às crianças desde a primária. Mas temos medo de o fazer.
Roberto Bolaño, 2666 (Trad. Cristina Rodriguez e Artur Guerra), Quetzal

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