25/11/08

respirar e ver

‒ Fui sempre um desgraçado ‒ disse. ‒ Mas mais que desgraçado, um miúdo. Certas noites custa-me ir dormir, porque me parece tempo perdido. Queria estar sempre desperto, disposto a respirar e a ver. Ver, ver sempre: bastar-me-ia. Para mim é um prazer enlouquecer, sair de casa e olhar o tempo, a gente que passa, sentir-lhe o perfume. Depois é bom pensar nisso. Há humilhações, mas paciência.

Cesare Pavese, vocação, in férias de agosto (Trad. Ana Hatherly), quasi

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